Os brinquedos e
as brincadeiras são essenciais para a formação das crianças, tanto que eles
acompanham a humanidade desde a pré-história. De lá pra cá, eles mudaram em
termos de materiais e tecnologia, mas as funções são as mesmas: divertir e
ensinar.
Para entender e
conhecer um pouco mais desse universo tão bacana que é a infância, a equipe do Magazine Luiza preparou este post sobre
a evolução das brincadeiras e brinquedos ao longo da história.
Desde as
primeiras brincadeiras de correr, como esconde-esconde, que perduraram por
décadas até os robôs e óculos de realidade virtual dos dias de hoje, a
tecnologia sempre esteve aliada a uma experiência mais prazerosa para os
pequenos. Com o tempo, a preocupação dos pais e dos fabricantes cada vez mais
crescente com a segurança, mudou a dinâmica das brincadeiras e o maior acesso
às tecnologias de ponta trouxe inovações mais rapidamente.
Atualmente, os
jogos em rede como Minecraft são febre e óculos de realidade virtual como o
OculusRift são sonhos de consumo. Mas é verdade que alguns clássicos resistem
aos anos e ainda fazem sucesso entre os pequenos. É o caso dos jogos de
tabuleiro e bolas de gude, por exemplo. Confira um breve histórico da evolução
dos brinquedos!
Da peteca dos índios à amarelinha (Pós-chegada dos
portugueses até 1880)
Os relatos
registrados em diários de viagens dos portugueses dão conta de que os índios
que viviam por aqui antes da chegada deles já praticavam um jogo que consistia
em arremessar uma trouxa de folhas cheia de pedras que eram amarradas em uma
espiga de milho. Chamavam de Peteka, que quer dizer “bater” em tupi.
O pião e o papagaio (pipa)
O pesquisador
Câmara Cascudo disse em sua pesquisa que os filhos de escravos foram
influenciados em suas brincadeiras por elementos europeus. Parte das
brincadeiras entre meninos brancos e negros reproduziam a dominação do
patriarcalismo e escravidão. Mas alguns jogos perduraram às gerações seguintes,
como o pião, a pipa (ou papagaio, como é chamado no Nordeste). Atualmente,
jogar pião está fora de moda, mas empinar pipa continua sendo um dos
passatempos favoritos da criançada.
Bola, estrela de sempre
A bola é um
brinquedo bem antigo. Ela chegou por aqui em 1894, trazida pelo inglês Charles
Miller, que trouxe na bagagem duas bolas usadas, um par de chuteiras, um livro
com as as regras do futebol, uma bomba de encher bolas e uniformes usados. No
dia 14 de abril de 1895, na Várzea do Carmo, no Brás, em São Paulo, foi
realizada a primeira partida de futebol do Brasil, disputada de forma
organizada, entre os funcionários da Companhia de Gás de São Paulo. Mas houve
também uma invenção brasileira, a bola branca criada por Joaquim Simão, em
1935, que teve a ideia para ajudar os peladeiros que jogavam à noite.
Primeira metade do século 20: a brincadeira é na rua
Na primeira
metade do século 20 o mais comum era ir para a rua brincar. Assim se
popularizaram brincadeiras coletivas, quando era necessário um grande número de
pessoas para que ficasse divertido. Pesquisadores apontam como sendo dessa
época jogos como “pula-carniça”, que consistia em pular sobre outras crianças
agachadas.
Vale também
lembrar da chegada da queimada ao Brasil, que é uma adaptação do prisonball,
criado na Colômbia e popularizado nos EUA. Nele, quem levar uma bolada fica em
uma área delimitada, chamada de cemitério por aqui e de prisão (prison) nos
EUA, daí o nome do jogo. O objetivo é fazer o maior número de prisioneiros em
cada campo.
Naquela época
era comum crianças saírem machucadas, já que as bolas podiam causar hematomas
dependendo do ângulo usado no arremesso. A partida era mista entre meninos e
meninas, mas em alguns bairros e regiões a queimada era tida como “jogo de
menina”.
Anos 70 e 80: bolas de gude e o colecionismo
As bolas de
gude, também chamadas de bilucas ou bolita, já existiam desde a Roma antiga,
com materiais como ônix, vidro, aço e argila. Pintores renascentistas já retratavam
crianças brincando com as bolinhas. Por aqui ficaram famosas nos anos 1970, mas
foram introduzidas bem antes pelos portugueses. O nome “de gude” faz referência
às pedras lisas dos leitos dos rios. No Brasil elas impulsionaram o
colecionismo, base do comércio direcionado para crianças. As pedras até hoje
são em sua maioria feitas de vidro.
Outros produtos
que alavancaram o consumo no Brasil através do fomento às coleções foram o
Lego, criado na Dinamarca em 1949; o Playmobil, nascido na Alemanha em 1974, o
futebol de Gamão, criado pelo francês Geraldo Décourt, em 1930, entre outros.
Foi também nos
anos 70 que ficaram famosos os jogos de tabuleiro, como War, Jogo da Vida, Bom
de Bola, Forte Apache, além dos clássicos até hoje imbatíveis Ferrorarama e Autorama.
Estes dois últimos eram caríssimos e sonhos de consumo da maior parte das
crianças. Os RPGs, como Dungeons & Dragons, também surgiram no final dos
anos 1970, mas só se popularizaram no Brasil mais tarde.
Anos 1980 e a inovação
Diversas invenções
introduzidas desde os anos 1960 chegaram aos anos 1980 como uma explosão
consumista em diversos países do Ocidente. Para muitos, foi uma das melhores
épocas para ser criança pelo elevado número de opções.
Entre eles estão
a mola colorida, o bate-bate, amoeba, Aquaplay e o Genius. Nos anos 1990
chegaram os Tazos, febre introduzida pela Elma Chips, o Pega-tazos, os
tamagochis, pirocóptero, ioiôs da Coca-Cola, os geloucos (também da Coca) e
pega-varetas.
O cubo mágico,
criado pelo húngaro Ernő Rubik em 1974, se tornou um clássico e ficou famoso
nessa época.
Bonecos e bonecas: todo mundo teve um
Nos anos 1980
esses brinquedos eram bastante queridos pelas crianças e muitos ganharam
diversas versões. Para os meninos, os anos 80 significaram a era dos Comandos
em Ação, colecionáveis de guerra com centenas de acessórios.
Para as meninas,
as Barbies e bonecas-bebês se popularizaram nessa fase. A boneca da Xuxa também
era bastante querida. Um outro personagem que saiu da TV e fez sucesso como
boneco foi o Fofão, lançado pela Estrela. Ele foi alvo de uma lenda que dizia
que havia uma faca dentro de seu estofado, mas era mentira, claro. Tratava-se
da base de sustentação do brinquedo, feita de plástico.
A partir de 1990
para os meninos a melhor coisa do mundo era ter algum boneco dos Cavaleiros do
Zodíaco, da Bandai, baseado no desenho animado homônimo e que vinha com uma
armadura montável. Para as meninas teve a Susi, criada em 1966 e que fez seu
grande retorno nos anos 1990 com diversas profissões. Outros bonecos
memoráveis: Megazord, He-Man, Murphy Monkey, Baby (da Família Dinossauros),
Moranguinho, Fofolete e Lango-Lango.
A era dos videogames
O Atari foi um
dos videogames mais populares do Brasil, mas a febre mesmo veio com o
Nintendinho, que chegou ao início dos anos 1990. Outros consoles que ficaram
populares foram os da Sega, como o Master System e o Mega Drive. Na evolução
dos gráficos, o PlayStation 1 da Sony fez sucesso rápido, depois do fracasso
que foram os lançamentos do Sega Saturn, Neo Geo, entre outros.
Nos anos 2000 a
Nintendo perdeu força para as concorrentes Sony e Microsoft, que até hoje
dominam o mercado com o PlayStation e o Xbox, respectivamente.
De hoje para o futuro: robôs e realidade virtual
É fato que a
inovação tecnológica cria experiências ainda mais sofisticadas e instigantes.
Hoje podemos citar ao menos duas febres entre os pequenos e ambas são
eletrônicas: os jogos Minecraft e Angry Birds. Há ainda um movimento que quer
retomar o uso dos brinquedos educativos, feitos de madeira e com estímulos à
sustentabilidade, como os da marca Panda e da australiana SAMS Handcrafts.
Outra tendência
é estimular o contato dos pequenos com o folclore nacional e referências da
cultura brasileira e que levem em consideração a sensibilidade e inteligência
das crianças. Nesse cenário se destacam o grupo Palavra Cantada e os
pernambucanos Bita e Seus Amigos, que disponibilizam aplicativos para Android e
iOS para os pimpolhos.
Além dos tablets
e smartphones, meninos e meninas já se preparam para um novo estágio, com a
chegada de óculos de realidade virtual, a exemplo do Oculus Rift, sucesso nesta
última Brasil Game Show.
Uma coisa é
certa: os anos vão passando e de forma natural os costumes das pessoas vão se
modificando, assim como suas brincadeiras. Não importa de qual forma as
crianças brinquem, o mais aconselhável é que elas nunca percam esse costume,
tão essencial em suas infâncias.
Fontes
consultadas: "Memórias e Brincadeiras na Cidade de São Paulo no Início do
Século XX, Protexto, eHow, Super, Mocambos.net, O Livro Perigoso para Garotos, Blog do Paz, EBC, UFU.br, Fundaj]
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